Educação Antirracista na Escola: compromisso diário com uma educação de verdade

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Mais do que um tema de pauta, a educação antirracista deve ser uma prática constante e consciente dentro da escola — por parte de todos os envolvidos no processo educativo.
 
Imagem com a frase "Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista  de Angela Davis

 

A frase de Angela Davis já virou lema de muitas rodas de conversa sobre racismo, mas na escola, ela precisa se transformar em ação concreta, cotidiana e planejada.

Quando falamos em educação antirracista, não estamos falando apenas de datas comemorativas, de uma semana de atividades ou de um cartaz bonito no corredor. Estamos falando de uma postura pedagógica que questiona estruturas, que reconhece desigualdades e que trabalha para superá-las — dentro e fora da sala de aula.

O racismo está no currículo... e também no que deixamos de ensinar

É importante entender que o racismo não está presente só nas atitudes explícitas. Ele também aparece nas ausências: de autores negros nos livros didáticos, de referências africanas na história, de narrativas positivas sobre pessoas negras nas atividades escolares.

Uma escola verdadeiramente antirracista precisa rever seu currículo, seus materiais, suas leituras e seus referenciais. E isso começa por nós, educadores. Quem estamos convidando a fazer parte das histórias que contamos em sala de aula?

O papel do professor na educação antirracista

Ser professor antirracista é mais do que combater atitudes preconceituosas. É reconhecer seus próprios aprendizados e desconstruir visões naturalizadas sobre cor, cultura, cabelo, sotaque e pertencimento.

É também:
  •  Revisar suas práticas e exemplos diários
  • Trazer diversidade nas leituras, nos autores, nas representações visuais
  • Combater o uso de apelidos e estereótipos em sala
  • Apoiar a autoestima e identidade dos alunos negros
  • Estimular o protagonismo de todos os estudantes

Práticas simples, mudanças profundas

Uma escola antirracista se constrói com gestos concretos. Aqui vão algumas ideias:
 
👉 Mapear o currículo escolar e incluir conteúdos africanos, afro-brasileiros e indígenas de forma transversal
👉 Trabalhar biografias de personalidades negras brasileiras e internacionais
👉 Incentivar projetos de autoria, onde as crianças possam escrever sobre suas origens e culturas
👉 Promover rodas de conversa sobre respeito às diferenças
👉 Rever materiais didáticos e propor mudanças quando identificadas representações racistas ou limitadas
 

Um compromisso que precisa ser coletivo

A luta contra o racismo não é tarefa de uma disciplina específica ou de um educador isolado. É compromisso de toda a escola: coordenação, professores, funcionários, famílias e comunidade.

Educar de forma antirracista é garantir que cada criança, adolescente ou jovem possa se reconhecer nos espaços escolares com dignidade, potência e pertencimento.

💬 Para refletir (e continuar agindo)
    “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.”
    — Paulo Freire

Neste mês, que tal trazer o tema para sua escola de forma mais profunda? Que tal começar por uma autoavaliação da equipe sobre como o racismo é (ou não) enfrentado no cotidiano?
A educação antirracista é um caminho longo — mas é um caminho urgente e necessário. E que começa com uma escolha: a de não se calar diante do que oprime.
 

Algumas dicas de leitura sobre o tema:  

 

 📘 Pequeno Manual Antirracista
Pequeno Manual Antirracista - Djamila Ribeiro
"Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas." 

 
📘 História Preta das coisas 
 
História Preta das coisas - Bárbara Carine
"Este livro tem como intuito apresentar produções científico-tecnológicas ancestrais e contemporâneas em afroperspectiva, buscando ressignificar as bases intelectuais ocidentais problematizando "o milagre grego" - narrativa mitológica que assenta a origem de grande parte dos saberes ocidentais à civilização grega - e pautando a primazia kemética nas bases dos conhecimentos científicos."
 
 
📘 Como ser um educador antirracista: Para familiares e professores
  
Como ser um educador antirracista: Para familiares e professores

Como ser um educador antirracista é um convite e uma inspiração para criarmos uma sociedade verdadeiramente antirracista. Embarque nesta jornada! 
 
Em Como ser um educador antirracista, Bárbara Carine, conhecida nas redes como "uma intelectual diferentona", discute sobre como a educação e a escola podem ser pensadas a partir de perspectivas não ocidentalizadas e, sobretudo, racializadas.

  Vencedor do Prêmio Jabuti 2024

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