Nesta semana, aprovei um comentário anônimo aqui no blog. Costumo filtrar esse tipo de interação porque, na maioria das vezes, são mensagens classificadas como spam. Mas dessa vez foi diferente. O comentário veio direto, com uma crítica clara e, embora áspera, sem disfarces.
O texto comentava uma reflexão minha sobre os motivos pelos quais tantos alunos hoje demonstram desinteresse pelas propostas escolares. Quem me acompanha sabe que tento sempre ponderar, considerando o papel do professor, da escola e também da família nesse cenário complexo em que vivemos.
No entanto, o comentário me surpreendeu. Em tom quase ofensivo, a pessoa afirmava que teoria e prática são duas realidades distintas e que, por isso, eu deveria “deixar a teoria de lado” e passar pelo menos um mês dentro de uma sala de aula antes de escrever sobre o assunto.
Fiquei intrigada. Não por discordar do diálogo entre teoria e prática — pelo contrário, acho fundamental —, mas porque me pareceu evidente que a pessoa sequer leu a descrição do blog, onde conto que sou professora há mais de seis anos. Estou, sim, dentro da sala de aula. E mais do que isso: estou imersa nas inquietações e desafios diários da prática docente.
Resolvi trazer esse episódio à tona hoje, justamente no Dia do Pedagogo. Porque acredito que esse tipo de situação nos leva a refletir sobre a valorização da nossa profissão. É um dia para celebrar, mas também para pensar com profundidade.
Me entristece ver que ainda há quem escolha essa profissão apenas por enxergar nela um "caminho mais fácil" — e não porque se sinta verdadeiramente chamado a atuar na formação humana. Sabemos que o magistério enfrenta desvalorização histórica, mas será que nós, profissionais da educação, também não colaboramos com essa desvalorização quando deixamos de investir no nosso próprio preparo?
Reivindicar melhores condições de trabalho e salários justos é um direito e um dever. Mas também é dever nosso entregar, mesmo nas condições mais adversas, o mínimo de dignidade e profissionalismo aos nossos alunos. Isso inclui planejamento, pesquisa, empatia, estudo. Não apenas títulos ou certificados, mas o compromisso cotidiano com o fazer pedagógico.
Lembro com admiração de uma colega que me disse:
"Não posso tirar dinheiro do meu bolso para tudo... sei que muitas exigências são surreais. Mas trabalho com o que tenho, e faço desse pouco o meu melhor."
E ela cumpre seu papel com excelência. Mesmo em contextos desafiadores, colhe bons resultados e transforma realidades.
Acredito, sim, que teoria e prática podem caminhar juntas. Aliás, quando se complementam, nos tornam melhores educadores — professores, pedagogos, mediadores, facilitadores... ou qualquer outro nome que escolham dar a quem se dedica a educar.
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